quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

Otimismo Para Branca de Neve (26/12)

Meu nome é Feliz, acredito que a minha mãe acertou quando o escolheu. Sou um carinha otimista e prefiro enxergar as coisas pelo melhor ângulo – um fato que irrita os Zangados de plantão.

Em casa somos sete e por casualidade montamos uma empresa de bartenders; agitamos as noites quentes de Era Uma Vez com a pirâmide de anões.

Certo dia, voltando de uma balada com os meus irmãos, ao chegar em casa, notamos algo de errado. O barulho do Messenger nos levou até a sala do computador; quem o deixou ligado?

Uma mulher alta, de cabelos negros repicados na altura do pescoço e lábios carnudos e vermelhos do mais puro Cherish da MAC, estava paralizada com um olhar borrado de rímel fixo na tela do notebook.

Ao perceber que não estava mais sozinha, a mulher se levantou, nos mostrando um belo par de curvas cobertos por um vestido azul marinho que deixava à mostra suas pernas tão necessitadas de um banho de Sol, e nos cumprimentou.
Mestre, o mais sábio entre nós, teve de nos mostrar fotos da família pra lembrarmos que Branca de Neve era nossa prima de terceiro grau. Por semelhança, jamais a aceitaríamos.

Ela estava triste e não queria sair de casa, culpa de suas expectativas frustradas espelhadas em comédias românticas que idealizavam um Príncipe Encantado. A linda mulher que ali estava tinha esquecido de se amar, só doava amor aos outros e não poupava a sua parte.

Algum tempo depois conseguimos convencer ela a vir com a gente pra balada na qual estávamos trabalhando. Ela estava limpa, adornada, perfumada. Subiu no seu Prada, estava tão linda, tão ela, tão insegura.

Dançamos, desfilamos, tentamos mostrar a ela sua beleza. Mas nenhum daqueles espelhos era suficiente pra fazer ela seguir em frente e abrir seus olhos pra imagem refletida neles.
Ela preferiu a bebida, pegou a tequila no bar e cantou com a Pitty sobre os trapézios no ar. Destruiu a Princesa e deixou vir à tona uma deusa desconhecida. Seduziu todos os homens da festa com uma dança que era só pra ela. Satisfez seus desejos mais bizarros enquanto a bebida borbulhava no sangue e nos nervos. Beijava um par de olhos azuis, depois um nariz fino e pontudo, e, de repente, deslizou até a morena de lábios carnudos e vermelhos no fundo do salão.

Não percebeu que tinha chegado ao fim, porque aquilo, pra ela, era só o começo. O início de um caso de amor que ninguém poderia colocar um fim. Ela se amou, deslizou seus dedos pelo seu corpo, descobriu-se para poder se revelar pro mundo.

E no dia seguinte, depois da ressaca, ela abriu o mais largo e sincero sorriso de um gozo que só uma mulher independente, segura e autoconfiante poderia mostrar.

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