quinta-feira, 26 de junho de 2014

Para o Sr. Coadjuvante

No mundo tem pessoas que só fazem exercícios concentrados no próprio umbigo. E esse texto é pra uma delas e, ao mesmo tempo, pra todas elas.
Sabe aquele tipo de pessoa que não consegue sair da zona do conforto de ser estupidamente o que é? Aquela pessoa que se acha dona da razão? Aquela pessoa que, por uma lógica que só Deus pode conhecer, tem um tesouro inestimável em mãos e só sabe fazer pobreza com ele?
Sim, meu bem, esse texto é pra você. Exatamente, você mesmo, que leu e se identificou nessa posição platô de se acostumar em ser e fazer o pior pra alguém. Você que se acha tão maioral a ponto de subir num pódio, erguer as mãos vazias e esperar que alguém aplauda.
E alguém aplaude. Aproveita, porque uma hora ou outra essa pessoa que aplaude pode perceber o vazio que você gosta de ser e concluir que tudo o que ela é e tem é demais pro seu NADA. E ai, indivíduo egocêntrico e digno de dó, não terá mais ninguém aplaudindo, apenas uma plateia muda, que vai reclamar na bilheteria por ter comprado o ingresso pra assistir ao espetáculo da Sua Vida, aquele que você sequer se deu o trabalho de ser ator.

Atenciosamente,
Eu.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Quem é você?

Eu mal te conheço. Não sei sua comida preferida, a música mais tocada do seu iPod, se prefere a praia ou o campo.
Não sei se o calor que vem do seu sorriso é residente ou passageiro, quais problemas te afligem, qual é o nome do seu cachorro. 
Quem dera eu soubesse o que você faz nos dias frios, o nome do seu melhor amigo, se você já pensou em mim antes de dormir.
Disse pro espelho que não ia deixar que você esquentasse o meu coração, ou que pegasse na minha mão, porque desse risco eu não queria participar.
E no meio disso tudo já te embalei com cuidado numa redoma pra que eu pudesse te chamar de meu, te favoritei nas redes das minhas imaginações e deixei escapar alguns suspiros enquanto — perto ou longe — vi você passar.
Encaixei o ideal que criei de você na minha lista de pertences, mas se algo pertence a alguém nesse texto, esse algo é o mundo e esse alguém é você.
Então te soltei de volta pro mundo e fico aqui olhando de canto, só pra ver se você vai voltar.