quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Tristeza, decepção, vazio.
É assim que me sinto diante das palavras ocas que me proferiu.
Mas a culpa não é sua, nem sou ninguém para falar de culpa, mas se tiver que falar a assumo como minha. Por criar expectativas, por depositar responsabilidades nas mãos de quem não estava pedindo por nada mais do que o hoje.
Eu e minha terrível mania de planejar futuro, de me sentir transbordante pelo amor do outro.
No meio desta falta de atitudes, encontro a mais significativa: a falta de amor próprio; aquele que outrora prometi chamar de meu.

sábado, 3 de janeiro de 2015

Não era uma casa, não era nada.

Não tinha teto, não tinha chão, não tinha parede, nem nada.
Mais uma vez os passos gravados na memória guiaram em piloto automático para um futuro desgostoso de 'não-saber'. Não saber o que se quer, o que se é, pra que saber.
Nem as palavras, usuais narcóticos libertadores, puderam livrar dos pudores do auto-coitadismo desmedido e da solidão infinita de buscar a si mesmo.
Contudo, em picos de imenso breu e feixes de um sol que vem (re)nascendo, engatinha-se rumo ao que sempre se soube; foi.

quinta-feira, 26 de junho de 2014

Para o Sr. Coadjuvante

No mundo tem pessoas que só fazem exercícios concentrados no próprio umbigo. E esse texto é pra uma delas e, ao mesmo tempo, pra todas elas.
Sabe aquele tipo de pessoa que não consegue sair da zona do conforto de ser estupidamente o que é? Aquela pessoa que se acha dona da razão? Aquela pessoa que, por uma lógica que só Deus pode conhecer, tem um tesouro inestimável em mãos e só sabe fazer pobreza com ele?
Sim, meu bem, esse texto é pra você. Exatamente, você mesmo, que leu e se identificou nessa posição platô de se acostumar em ser e fazer o pior pra alguém. Você que se acha tão maioral a ponto de subir num pódio, erguer as mãos vazias e esperar que alguém aplauda.
E alguém aplaude. Aproveita, porque uma hora ou outra essa pessoa que aplaude pode perceber o vazio que você gosta de ser e concluir que tudo o que ela é e tem é demais pro seu NADA. E ai, indivíduo egocêntrico e digno de dó, não terá mais ninguém aplaudindo, apenas uma plateia muda, que vai reclamar na bilheteria por ter comprado o ingresso pra assistir ao espetáculo da Sua Vida, aquele que você sequer se deu o trabalho de ser ator.

Atenciosamente,
Eu.

quinta-feira, 6 de março de 2014

Quem é você?

Eu mal te conheço. Não sei sua comida preferida, a música mais tocada do seu iPod, se prefere a praia ou o campo.
Não sei se o calor que vem do seu sorriso é residente ou passageiro, quais problemas te afligem, qual é o nome do seu cachorro. 
Quem dera eu soubesse o que você faz nos dias frios, o nome do seu melhor amigo, se você já pensou em mim antes de dormir.
Disse pro espelho que não ia deixar que você esquentasse o meu coração, ou que pegasse na minha mão, porque desse risco eu não queria participar.
E no meio disso tudo já te embalei com cuidado numa redoma pra que eu pudesse te chamar de meu, te favoritei nas redes das minhas imaginações e deixei escapar alguns suspiros enquanto — perto ou longe — vi você passar.
Encaixei o ideal que criei de você na minha lista de pertences, mas se algo pertence a alguém nesse texto, esse algo é o mundo e esse alguém é você.
Então te soltei de volta pro mundo e fico aqui olhando de canto, só pra ver se você vai voltar.

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Carta ao meu mais sincero amor

Sinceramente eu não sei onde foi que nos perdemos.


O início poderia soar como óbvio demais, clichê até. A maioria das histórias terminam muito antes de chegar até ele.
Já o meio parece mais razoável... Pois normalmente é nele que permitimos que o nosso íntimo se entrelace ao do outro, de maneira mais profunda e sincera.
Não desejei isso, em nenhum momento sequer. Caso contrário, as lágrimas não lavariam meus rosto enquanto escrevo essa despedida de você em mim.
Quero me limpar do amor desmedido que sinto por você, pra poder senti-lo por mim... E jamais pense que o quero afastado e apagado de minhas memórias, só preciso deixar o tempo trabalhar e exercer sua função incrível de colocar as coisas nos seus devidos lugares.
Me perdoe por qualquer coisa que possa ferir seu ego, mas o meu precisa repousar nos leitos da recuperação semi-intensiva, precisa repaginar.
Eu te amo, e sempre vou te amar.
Mas tenho certeza que esse amor pode aflorar muito mais, e nunca deixar de ser bonito na eternidade dos pensamentos, se eu estiver com amor suficiente pelo sujeito próprio da vida única e singular que tenho pra viver.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Os ques...

Às vezes dói, aperta, sufoca. Mas eu nem sei direito o que!
Sinto a ebulição das lágrimas, o palpitar do coração, a falta de ar que reprime um grito; uma explosão!
Queria muito - às vezes, demais - poder me fazer compreender com uma singela piscadela, um estalar da língua, com o silêncio que vem se tornando não um conforto, mas um aliado, um corriqueiro ato comum.
A vulnerabilidade dos dias passa correndo - e escorrendo - pelo meio dos meu dedos, cintura, umbigo e pés. O sim de ontem vira o não do mês que vem, e o talvez se divide em sempre e nuncas que distorcem a identidade que um dia lavei e passei pra usar como minha.
A corrida do tempo e a hibernação dos meus atos se enfrentam todos os dias, como dois lobos mortos de fome em cima de uma carcaça de um animal pútrido que um dia já planou nos céus.
Consigo querer e não o mais querer em frações de segundos. Consigo (e quem diria?) amar e odiar no mesmo instante!
Os momentos se contraem rapidamente e me custam semanas pra dilatar, expandir, revestir e reinventar.
Quem sou eu? O que quero? O que posso? O que permito? O que faço? O que deixo fazerem por mim? O que deixo fazerem em mim? 
Céus! Quantas interrogações, quantas ações, quantos verbos!
Mas antes ser o verbo e a consciência, do que ser o substantivo cheio de alienações, de falsas verdades absolutas e modeladoras de pessoas vazias num todo.
Serei, como sou ou fui. Mas o que, ainda não sei.

terça-feira, 5 de março de 2013

Eu prefiro ser...

Queria ser Casimiro de Abreu pra dançar A Valsa e depois ter Segredos de amores dos quais não quereria, não poderia, não deveria contar.
Queria ser Camões pra nunca contentar-me de contente e sentir da dor que desatina sem doer.
Queria ser Clarice pra acreditar em anjos e os fazer existir.
Ou então, ser Chaplin pra saber que a vida é uma peça de teatro a qual não permite ensaios.
No entanto, sou apenas eu. Sou toda eu. Dos cabelos ao dedinho do pé, eu.
Gosto e desgosto, me apego e desapego, confio e desconfio...
A minha vida não preciso mudar todo dia pra escapar de coisa alguma, pois ela não é novela ou teatro, não tem público ou plateia, não deve ser assistida ou prestigiada, deve apenas ser minha, muito (e só) minha, apenas pra viver.