quinta-feira, 20 de junho de 2013

Carta ao meu mais sincero amor

Sinceramente eu não sei onde foi que nos perdemos.


O início poderia soar como óbvio demais, clichê até. A maioria das histórias terminam muito antes de chegar até ele.
Já o meio parece mais razoável... Pois normalmente é nele que permitimos que o nosso íntimo se entrelace ao do outro, de maneira mais profunda e sincera.
Não desejei isso, em nenhum momento sequer. Caso contrário, as lágrimas não lavariam meus rosto enquanto escrevo essa despedida de você em mim.
Quero me limpar do amor desmedido que sinto por você, pra poder senti-lo por mim... E jamais pense que o quero afastado e apagado de minhas memórias, só preciso deixar o tempo trabalhar e exercer sua função incrível de colocar as coisas nos seus devidos lugares.
Me perdoe por qualquer coisa que possa ferir seu ego, mas o meu precisa repousar nos leitos da recuperação semi-intensiva, precisa repaginar.
Eu te amo, e sempre vou te amar.
Mas tenho certeza que esse amor pode aflorar muito mais, e nunca deixar de ser bonito na eternidade dos pensamentos, se eu estiver com amor suficiente pelo sujeito próprio da vida única e singular que tenho pra viver.

quarta-feira, 24 de abril de 2013

Os ques...

Às vezes dói, aperta, sufoca. Mas eu nem sei direito o que!
Sinto a ebulição das lágrimas, o palpitar do coração, a falta de ar que reprime um grito; uma explosão!
Queria muito - às vezes, demais - poder me fazer compreender com uma singela piscadela, um estalar da língua, com o silêncio que vem se tornando não um conforto, mas um aliado, um corriqueiro ato comum.
A vulnerabilidade dos dias passa correndo - e escorrendo - pelo meio dos meu dedos, cintura, umbigo e pés. O sim de ontem vira o não do mês que vem, e o talvez se divide em sempre e nuncas que distorcem a identidade que um dia lavei e passei pra usar como minha.
A corrida do tempo e a hibernação dos meus atos se enfrentam todos os dias, como dois lobos mortos de fome em cima de uma carcaça de um animal pútrido que um dia já planou nos céus.
Consigo querer e não o mais querer em frações de segundos. Consigo (e quem diria?) amar e odiar no mesmo instante!
Os momentos se contraem rapidamente e me custam semanas pra dilatar, expandir, revestir e reinventar.
Quem sou eu? O que quero? O que posso? O que permito? O que faço? O que deixo fazerem por mim? O que deixo fazerem em mim? 
Céus! Quantas interrogações, quantas ações, quantos verbos!
Mas antes ser o verbo e a consciência, do que ser o substantivo cheio de alienações, de falsas verdades absolutas e modeladoras de pessoas vazias num todo.
Serei, como sou ou fui. Mas o que, ainda não sei.

terça-feira, 5 de março de 2013

Eu prefiro ser...

Queria ser Casimiro de Abreu pra dançar A Valsa e depois ter Segredos de amores dos quais não quereria, não poderia, não deveria contar.
Queria ser Camões pra nunca contentar-me de contente e sentir da dor que desatina sem doer.
Queria ser Clarice pra acreditar em anjos e os fazer existir.
Ou então, ser Chaplin pra saber que a vida é uma peça de teatro a qual não permite ensaios.
No entanto, sou apenas eu. Sou toda eu. Dos cabelos ao dedinho do pé, eu.
Gosto e desgosto, me apego e desapego, confio e desconfio...
A minha vida não preciso mudar todo dia pra escapar de coisa alguma, pois ela não é novela ou teatro, não tem público ou plateia, não deve ser assistida ou prestigiada, deve apenas ser minha, muito (e só) minha, apenas pra viver.

quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

É muita locução, interjeição, exclamação, pra pouca reticências...

É muito comodismo, muito moralismo inflável, muita masculino-feminilidade sem base.
As pessoas parecem crescer com convicções provindas do útero, cheias de não me toques, de atirar um quintilhão de pedras em tetos de vidro, de plástico, madeira ou doces.
Nada maleável, nada elástico, nada passível de mudanças ou adaptações.
O homem é macho, rei da floresta, o topetudo, musculoso ou barrigudo, de brilhantina e galochas, montado em um carro vermelho que reflete seu ego protuberante.
A mulher é submissa de umas tantas outras "funções sociais", barriga quente, a 'frufruzinha', a dengosa ou manhosa, de vestido rodado e crianças pregadas nas bordas, empunhando a frigideira ou colocando as vestes no varal que reflete seu ego vazado (esperando a ser preenchido por tal protuberância).


E enquanto o homem se masturba social, moral e fisicamente, ou ainda quando a mulher balança mas não para de segurar com firmeza nas morais e nos costumes que dita a tradição, os imorais se condicionam para mostrar ao mundo o que realmente é viver e ser.
O real homem se livra dos estereótipos cafajestes e se delicia com o sorriso daquela pessoa que o faz feliz ali e agora, nos momentos que vivenciam por prazer. Trabalha o dia todo e ainda compra chocolates e dá flores sim, mas sabe também comprar o vinho que ela gosta e preparar um jantar só para poder propor um sexo mais ousado que vai lançar o relacionamento num looping de felicidades simplistas.
A real mulher se livra dos pregadores, deixa os filhos na escola, veste seu traje social combinado com saltos agulha e batom vermelho e vai trabalhar. Sai estampando o mais largo e belo sorriso do prazer simplista de poder ser o que quiser, de estar com quem se quer e não saber o amanhã. Saltita até uma loja de lingeries na hora do almoço e, sem deixar de pensar nas caras e bocas que vai receber de presente nesta noite sensual, escolhe a mais cara delas, vermelha, com rendas e fitas de tirar o fôlego.
E depois do dia atarefado, as surpresas revigoram, fazem renascer o desejo e a vontade de estar "aqui e agora".
Então deitam-se, agora para dormir o sono que eles merecem, simplesmente por serem aquilo que querem pra si e que recebem em dobro.

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

E quem sabe se foram realmente felizes para sempre...

Relacionar-se é complicado.
Na melhor hipótese; dá certo. Na pior; deixa seqüelas não apenas nos dois principais envolvidos, bem como em seus progenitores, familiares mais próximos, amigos comuns.
Nessa precária situação, na qual o assassino se faz de vítima para si e para o mundo, numa falha tentativa de se afastar dos pesos da verdade, o verso da folha se risca e se rabisca, se molha e se seca, se retorce, se amassada, se rasga, mas depois se alisa.
Nada é tão mal que tenha vindo de apenas uma cabeça; quem dirá de dois corações?
Então a valsa aperta, Julieta se despede de Romeo, Bentinho julga Capitu, Luísa se deleita em Basílio e se redime com Jorge, pagando com a própria morte.
O fim, o túnel escuro que algumas vezes teima em sugerir certa luz em seu final. Grande perda de tempo, acúmulo de lágrimas, disparate individual e afetuoso.
Chega o momento de aceitar. E dói, não hei de mentir! Mas a dor, sábio ditado popular, é só uma prova de que você está vivo.
E o que sobra é a oração tão presente e tão usual: Por favor, meu Deus, me guia, me ilumina e me orienta. POR FAVOR, MEU DEUS.