sábado, 17 de outubro de 2009

O Amor Bipolar


" O coração tem razões que a razão desconhece."
(Blaise Pascal)
A lua estava próxima. A gravidade já havia ficado para trás. No passeio pelo espaço o cenário é belo e desconhecido. O cheiro era bom, recordava o da água de uma cachoeira batendo nas pedras e espirrando nas folhas. O som era inexistente, só podíamos contemplar a beleza do silêncio.
Sentado em uma estrela estava o amor, um sentimento bipolar. Ele vestia um manto que se extendia pelo universo, depois de envolver a lua, inspiradora de apaixonados. O manto era de um belo tecido, coberto por desenhos de corações.
O amor iniciou seu discurso:
- Estou aqui! Não me notas dizendo que te amo?
E ele mesmo respondeu:
- Pois deixe de dizer bobagens! Tú me odeias! Como todos me odeiam e eu odeio todos!
- Não odeias ninguém, pois mora em meu coração e nele só reside amor. Pense! É notório que somos dois em apenas um corpo. Ódio, te entreguei parte do meu corpo para você viver. Como pode então você não me amar reciprocamente se em teu próprio lar reside o amor?
E o "ódio", depois de pensar, respondeu:
- Convenceu-me! Basta de fingir que sou a raiva! Porém, caro Amor, não posso deixar de existir. Ensinarei a todos que me cultivam a lição que hoje aprendi. Ensinarei que sou amor, assim como você ensinou as pessoas quem você é.
O personagem bipolar levantou-se e saiu arrastando seu manto, por todos os planetas em que passou, fazendo a lua girar, com azo de ensinar o real sentido do significado do amor e do ódio.
No momento em que mais odeio quem amo, amo quem mais odeio.